quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ironias do dogma

O representante do Vaticano, o católico cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo afirmou na sua homilia de Natal que "todas as formas de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade" acrescentando que "os diversos ateísmos, nas mais variadas expressões tiveram origem neste reduzir a esperança humana à dimensão da história" mas que "nenhuma esperança deste mundo anula a esperança na vida eterna".

- Concordo a cem por cento, disse o islamita enquanto se fazia explodir no meio da população, em nome de Deus e cheio de esperança na vida eterna e nas virgens prometidas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Poder e Razão de Esther Mucznick

Esther Mucznick (Investigadora em assuntos judaicos) escreve no Público de 20/12/2007 que "só haverá paz quando os palestinianos aceitarem construir um Estado ao lado de Israel e não em vez de Israel". E Israel aceita que os palestinianos construam um Estado ao seu lado?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Os filhos dos otomanos andam por aí

O exército turco bombardeou, primeiro, e entrou, depois, em território iraquiano curdo, numa área montanhosa junto à fronteira com o Irão, a pretexto de atacar bases guerrilheiras curdas.
A Turquia informou antecipadamente os Estados Unidos da América e afirma ter tido a aprovação pessoal do presidente Bush, na sala oval a 5 de Novembro.
Os EUA, que controlam o espaço aéreo iraquiano, abriram-no aos turcos.

A União Europeia progrediu ligeiramente no processo de negociação da adesão da Turquia abrindo a discussão em duas novas áreas do direito comunitário, elevando para cinco as áreas em discussão com a Turquia.

Não consta que a Turquia tenha sequer informado a União Europeia ou algum dos seus países sobre a acção no Iraque curdo.
Não se ouviram reacções de países da UE a esta acção militar.
Se a Turquia fosse membro da UE teria sido o exército dum país da UE a proceder à invasão militar temporária.
Será que aqueles que julgam que a Turquia é europeia estão interessados em fazer do exército turco o exército europeu?

O brilhante zelo dos agentes da justiça

Os factos datam de 1988 e 1989. A sentença foi lida em 17 de Dezembro de 2007.

36 acusados. Zero condenações.

Em causa a suspeita de fraude com fundos comunitários em cursos de formação num instituto ligado à UGT. Em 1990 é aberta uma investigação pela Polícia Judiciária que decidiu em 1991 pelo arquivamento. O Ministério Público discordou. O então Procurador Geral da República chamou a si o processo reabrindo-o, em 1992. A acusação foi feita três anos depois. Só em 2002 foram feitas as primeiras notificaçãoes para comparência em julgamento, iniciado em Março 2003. Em 2004 uma decisão dos juízes sobre a prescrição do ano de 1988 levou à anulação de todo o julgamento. Reiniciaram-se as audiências em 2006.

Na sentença lida no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, faz poucos dias, foram dadas como provadas quatro situações de irregularidades, por sessões de formação facturadas mas que não foram realizadas, apresentação de aulas teóricas como se fossem práticas, indicação de cinco formadores quando se tratava de uma só pessoa, para benefícios de cerca de 55 mil euros, mas factos que já teriam prescrito. Considerou, no entanto, que a maior parte dos cursos de formação foram ministrados e não deu como provado a existência dum plano destinado a desviar dinheiro do Estado ou da União Europeia. Nenhum dos 36 acusados foi condenado.

Em quem e a fazer o quê esteve o processo todo este tempo?
Com tanto tempo esperar-se-ia que tal correspondesse a igual zelo e competência na preparação e solidez do processo. Mas, como noutros casos publicitados, o resultado é pífio.


Os jornais noticiam, também, que os procuradores do Ministério Público do Porto recusaram colaborar com a procuradora, de Lisboa, nomeada especialmente pelo PGR para coordenar os inquéritos relativos à violência na noite portuense, a não ser mediante ordem escrita do próprio PGR e para não incorrerem em infracção disciplinar.
Que Ministério Público é este? Que procuradores julgam ser este o comportamento profissional e condigno? Procuradores da República ou do bairrinho?

domingo, 16 de dezembro de 2007

Praxe - primatas e pilatos

As praxes académicas continuam a ter resultados graves.
A "Real Praxe Académica da Escola Superior Agrária de Coimbra" resultou na paraplegia dum estudante caloiro, na descida dum declive de três metros para aterrar num monte de palha e lama. A gravidade das lesões, antes da cirurgia, indiciavam uma situação de tetraplegia. O jovem está a fazer fisioterapia para poder "recuperar, pelo menos, o movimento dos braços".
Não há notícia de qualquer investigação. O caso não é único.
Em Elvas, depois do 'rali das tascas', um dos estudantes da Escola Superior Agrária caiu duma altura de cerca de 20 metros quando alcoolizado se aproximou das ameias do castelo. Foi-lhe diagnosticada uma fractura da coluna cervical para além de múltiplas lesões graves a nível pulmonar. Continua internado e com prognóstico reservado.
Em 2001 um estudante foi encontrado morto por espancamento numa casa de banho da Universidade Lusíada de Famalicão.
Em 2005, chegou finalmente aos tribunais o primeiro caso envolvendo praxes
académicas relativo a 2003, quando uma estudante da Escola Superior de Santarém foi vítima, de sete colegas, de praxes violentas, que incluíram mergulhar a sua face em fezes de animais. A estudante também processou a instituição, que acusou de não lhe ter dado qualquer apoio.
O discurso que afirma que na praxe só participa quem quer é falso. Além da manipulação de grupo feita a quem se quer integrar, há coacção e uso de violência.
As comissões de praxe atraem os pequenos ditadores, primatas ansiosos por usarem e abusarem do poder que aquelas lhes dão. Não raro são 'veteranos' dos chumbos e notas baixas.
E as praxes continuam a basear-se na humilhação e violência, também dentro das instalações universitárias.
Perante o silêncio de pilatos, cobarde e conivente, dos reitores da universidade e directores de faculdade, dos sindicatos e em especial os de professores, das associações de estudantes, dos partidos e suas jotinhas, do ministério da educação e do ministério público. Todos calados e passivos, convenientemente, como se não fosse nada com eles.
E não há quem lhes exija responsabilidades.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A minha pátria é a língua portuguesa? (5)

"O director executivo da escola será um professor. E a escolha será feita por procedimento concursal." (realce fdr)
J. Sócrates, Assembleia da República, 11/12/2007