domingo, 16 de dezembro de 2007

Praxe - primatas e pilatos

As praxes académicas continuam a ter resultados graves.
A "Real Praxe Académica da Escola Superior Agrária de Coimbra" resultou na paraplegia dum estudante caloiro, na descida dum declive de três metros para aterrar num monte de palha e lama. A gravidade das lesões, antes da cirurgia, indiciavam uma situação de tetraplegia. O jovem está a fazer fisioterapia para poder "recuperar, pelo menos, o movimento dos braços".
Não há notícia de qualquer investigação. O caso não é único.
Em Elvas, depois do 'rali das tascas', um dos estudantes da Escola Superior Agrária caiu duma altura de cerca de 20 metros quando alcoolizado se aproximou das ameias do castelo. Foi-lhe diagnosticada uma fractura da coluna cervical para além de múltiplas lesões graves a nível pulmonar. Continua internado e com prognóstico reservado.
Em 2001 um estudante foi encontrado morto por espancamento numa casa de banho da Universidade Lusíada de Famalicão.
Em 2005, chegou finalmente aos tribunais o primeiro caso envolvendo praxes
académicas relativo a 2003, quando uma estudante da Escola Superior de Santarém foi vítima, de sete colegas, de praxes violentas, que incluíram mergulhar a sua face em fezes de animais. A estudante também processou a instituição, que acusou de não lhe ter dado qualquer apoio.
O discurso que afirma que na praxe só participa quem quer é falso. Além da manipulação de grupo feita a quem se quer integrar, há coacção e uso de violência.
As comissões de praxe atraem os pequenos ditadores, primatas ansiosos por usarem e abusarem do poder que aquelas lhes dão. Não raro são 'veteranos' dos chumbos e notas baixas.
E as praxes continuam a basear-se na humilhação e violência, também dentro das instalações universitárias.
Perante o silêncio de pilatos, cobarde e conivente, dos reitores da universidade e directores de faculdade, dos sindicatos e em especial os de professores, das associações de estudantes, dos partidos e suas jotinhas, do ministério da educação e do ministério público. Todos calados e passivos, convenientemente, como se não fosse nada com eles.
E não há quem lhes exija responsabilidades.