quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Informação, conhecimento, promiscuidade e vacuidade

Há três grupos principais de convidados para comentários e entrevistas: políticos, celebridades e jornalistas.
Será por falta de imaginação, por falta de contactos, que são quase sempre os mesmos em quase todas as ocasiões a dizer a mesma coisa?
Qualquer que seja o assunto (a paz no mundo; o início ou fim da história; a crise energética, o nuclear e a co-incineração; a biotecnologia alimentar; as eleições neste país; a economia e o défice daqueloutro; a exigência deste grupo; o último gadget daquela empresa; os jogos e jogadores da selecção nacional de futebol; o novo sabonete que lava como nenhum outro antes lavou; o gato da vizinha que miou com cio toda a noite; a melhor maneira de descascar batatas; a razão porque o primeiro dia de trabalho se chama segunda em vez de primeira-feira), lá estão os do costume a repetir o que outros escreveram ou disseram noutros meios.
Que rasgo de inteligência faz pensar que, por exemplo, ser escritora ou actor de telenovela habilita especialmente alguém para opinar priviligeadamente sobre assuntos da cidadania?
Que golpe de criatividade leva a, continuadamente, ir ouvir os políticos papaguearem as mesmas generalidades ocas, que lhes permitem desdizer-se numa ocasião diferente.
Não bastava a atracção dos jornalistas pelos políticos - repetidos e repetitivos - tinham, ainda, que, incestuosamente, convidar-se uns aos outros quando não convidam aqueles.
Jornalistas que promovem jornalistas a especialistas disto, daquilo e de tudo o mais, e que se sentem autorizados a sobre tudo falar como quem detém a verdade. Para mais, apresentados como verdadeiros independentes. Afinal, também eles, dizendo o já dito.
Um círculo fechado que tende para um pensamento quase único, com diferenças no rendilhado.
Será que só os jornalistas e meios de comunicação não sabem que há por aí cientistas, pofessores, investigadores, estudiosos, praticantes, pessoas simples com conhecimento para transmitir e debater e que, esses sim, interessaria ouvir sobre as matérias a que dedicam tempo, atenção e reflexão.