sexta-feira, 2 de março de 2007

As leis são para os outros

As nomenclaturas partidárias convenceram-se de tal modo que são importantes e especiais - diferentes dos cidadãos comuns - que julgam que as leis se não lhes aplicam, que são apenas para os outros.
Quando, afinal, a ética do exercício de cargos públicos lhes deveria ditar um comportamento mais exigente que o simples cumprimento da lei - há actos que embora não sendo ilegais são inaceitáveis numa perspectiva ética.
Por isso, os partidos têm o dever de ser, também, mais rigorosos e exigentes com as acções dos seus representantes que o ter apenas a não ilegalidade como referencial.
Ao contrário, infelizmente, várias são as situações em que esse é o argumento por eles invocado para não condenarem comportamentos dos seus correlegionários que nos outros considerariam escandalosos ou inaceitáveis.
O Público de ontem noticiava que uma deputada nacional do PS, de baixa médica após maternidade participa, no entanto, em reuniões da Assembleia Municipal de Matosinhos, assim recebendo as famosas senhas de presença, no valor de cerca de 72 euros cada.
Claro que veio referir que não vê nisso nenhum atropelo à lei e que "Isto não é difícil de perceber, porque, para ir a Lisboa, preciso de alguém que fique um dia inteiro com o bebé, enquanto que, para participar na assembleia municipal, basta duas horitas. É quase como ir tomar um café". [realce fdr]
Ficamos a saber como são as reuniões municipais de Matosinhos.
E a diligente deputada, nacional e municipal, prescindiu das senhas de presença?
E, afinal, o que é que justifica esta existência de senhas de presença? Não é possível eliminá-las?